Um vídeo e uma série de posts publicados nesta semana nas redes sociais do vereador Mateus Batista (União) de Joinville, no Norte catarinense, têm provocado uma onda de críticas e reacendido o debate sobre xenofobia em Santa Catarina.

O parlamentar, conhecido por suas posições ligadas ao MBL (Movimento Brasil Livre), utilizou o termo “favelão” para descrever o que, em sua visão, aconteceria com o estado se o fluxo migratório vindo do Norte e Nordeste do país não for “barrado”.

As declarações de Batista rapidamente ganharam repercussão na redes, incluindo um posicionamento da vereadora Vanessa da Rosa (PT). “Quando um vereador vai à rede social para defender o controle do fluxo migratório para que a cidade não se torne um “favelão”, ele agride todo o povo de Joinville que construiu essa cidade vindo de todo o lugar. É, sobretudo, um discurso racista, que ataca uma comunidade que tem a pele mais escura. Um discurso que envergonha e que não pode ser admitido”.

A origem da polêmica do “Favelão”: pacto federativo e migração interna

A controvérsia partiu de uma crítica do vereador ao chamado pacto federativo, sistema que distribui as receitas e responsabilidades entre a União, os estados e os municípios.

Em seu discurso, Mateus Batista argumentou que estados do Sul, como Santa Catarina, são prejudicados pelo sistema, pois “pagam a conta duas vezes” ao contribuir para o orçamento nacional e, ao mesmo tempo, ter que lidar com a chegada de migrantes de estados que seriam “mal geridos”.

A narrativa, que associa a migração à falta de infraestrutura e a problemas sociais, culminou na frase que viralizou: “Se a gente não barrar essa migração, Santa Catarina vai virar um grande favelão”.

Em um podcast, o parlamentar reforçou suas preocupações, não apenas com a migração interna, mas também com a chegada de imigrantes de países como Venezuela e Haiti, argumentando que a entrada dessas pessoas sobrecarregaria os serviços públicos e aumentaria a população de rua.

As propostas do vereador e a viabilidade do PL

Apesar da polêmica, Mateus Batista alega ter uma proposta concreta para o que ele chama de “controle migratório”. O vereador afirmou ter entregado um projeto ao deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), também do MBL, propondo que os municípios tenham autonomia para gerir o fluxo migratório.

A iniciativa, segundo ele, daria às prefeituras o poder de fiscalizar e regular a entrada de novos moradores, baseada na capacidade de seus serviços públicos, como saúde e educação.

De acordo com o parlamentar, apesar de ter apresentado o projeto em Brasília, ainda existem ajustes a serem feitos, mas ele afirma que vai protocolá-lo em breve.

Batista, que atualmente preside a Comissão de Segurança Pública, argumenta que o debate sobre migração é necessário e urgente. Ele se baseia nos estudos do economista de Harvard Edward Glaeser, um dos principais nomes na economia urbana contemporânea, para sustentar sua tese.

Ele ressalta que não é contra a migração, no entanto, na sua visão, o problema surge quando o crescimento dos serviços públicos, como saúde e infraestrutura, não acompanha o aumento da população. “São Paulo é um exemplo muito claro”, afirmou ao ND Mais. “A urbanização não conseguiu acompanhar, e isso gera uma urbanização fracassada”.

Mateus diz que o centro de sua preocupação é a suposta falta de capacidade de investimento do setor público para expandir a infraestrutura a tempo de absorver o aumento populacional. Ele projeta que a fragilidade da economia nacional e um possível “colapso fiscal” até 2029 impediriam o Estado de agir de forma eficaz.

Modelo teria inspiração em medidas adotadas na Alemanha

A solução, segundo o vereador, seria adotar um modelo de “controle migratório” semelhante ao que é praticado na Alemanha.

Em setembro de 2024, o país reintroduziu controles temporários em suas fronteiras terrestres para limitar a imigração irregular, uma medida que gerou protestos de países vizinhos componentes da União Europeia.

Proposta foi entregue a Kim Kataguiri em Brasília

Embora ainda em fase de ajuste e sem protocolo formal, a proposta de Mateus, que foi entregue ao deputado federal Kim Kataguiri, busca prevenir a ocupação de áreas irregulares. A ideia é que os novos moradores comprovem residência, seja por aluguel ou compra de imóvel, em até 14 dias após a mudança.

Para o vereador, a lei visa combater as “invasões ilegais” e “habitações irregulares” que, no futuro, levam ao fenômeno da “favelização”, gerando áreas onde o poder público não consegue atuar e onde o crime organizado se desenvolve.

Prefeituras teriam autonomia para fiscalizar novos moradores

O vereador enfatiza que o modelo que ele propõe não se aplicaria apenas no contexto de Santa Catarina, mas sim para todos os estados da federação. “Se eu me mudar para São Paulo, eu vou ter que comprovar minha residência até 14 dias no órgão responsável ali pelo registro de residência. É mais ou menos isso”, explicou.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciou nesta segunda-feira (25) que vai “rebaixar” as relações com o Brasil após o Itamaraty ter ignorado a indicação de um novo embaixador.

Israel havia indicado o diplomata Gali Dagan em janeiro para assumir a embaixada em Brasília. Para exercer a atividade, no entanto, é necessária a concessão de uma autorização do país que o recebe, chamada de “agrément”. Tal autorização é praxe em todas as relações entre países.

Tecnicamente, o Brasil não teria se recusado a conceder o agrément, mas deixou o pedido em análise, sem respondê-lo. Em relações internacionais, a atitude é vista como equivalente a uma recusa.

 

Israel informou ter retirado a indicação de Dagan e acrescentou que não vai submeter um novo nome ao Itamaraty, declarando que as relações com o Brasil serão conduzidas “em um patamar inferior” diplomaticamente.

“Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior”, diz um comunicado do ministério.

 

As informações são do jornal “The Times of Israel”.

O assessor da Presidência e ex-chanceler Celso Amorim diz que a atitude brasileira é uma resposta ao tratamento recebido pelo representante em Tel Aviv, alvo de “humilhação pública” em 2024.

O Itamaraty não comenta o assunto.

‘Não houve veto’, diz Amorim

O assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, disse que não houve veto contra Dagan, e que a ausência do agrément é uma resposta ao tratamento recebido pelo ex-embaixador do Brasil (leia mais abaixo).

“Não houve veto. Pediram um agrément e não demos. Não respondemos. Simplesmente não demos. Eles entenderam e desistiram. Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?”, disse Amorim.

 

“Digo e repito: nós queremos ter uma boa relação com Israel. Mas não podemos aceitar um genocídio, que é o que está acontecendo. É uma coisa absurda o que está acontecendo lá”, afirma Amorim, em relação à ofensiva israelense em Gaza. “Nós não somos contra Israel. Somos contra o que o governo Netanyahu está fazendo, que é uma barbaridade.”

O Brasil retirou em maio de 2024 seu embaixador em Tel Aviv, Frederico Meyer. Desde então, o Itamaraty mantém o cargo vago, sem submeter nenhum nome à aprovação de Israel.

Lula considerado ‘persona non grata’

 

O comunicado reafirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado “persona non grata” pelo governo israelense. A declaração foi feita em fevereiro de 2024.

“A linha crítica e hostil que o Brasil demonstra em relação a Israel desde 7 de outubro se intensificou a partir do momento em que o presidente Lula comparou as ações de Israel às dos nazistas. Em resposta, Israel ‘o declarou persona non grata'”, afirma a chancelaria.

“O Ministério das Relações Exteriores continua a manter laços profundos com os muitos círculos de amigos de Israel no Brasil”, diz o comunicado.

As relações entre os dois países se encontram estremecidas desde o início do ano passado, quando Lula criticou a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, após os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023.

Ao comparar a resposta israelense aos ataques do Hamas com o que Adolf Hitler fez com os judeus no século passado, Lula irritou autoridades de Israel. Na ocasião, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o brasileiro havia cruzado a “linha vermelha”.

Na sequência, o chanceler israelense, Israel Katz, levou Meyer ao Museu do Holocausto, o que foi visto por diplomatas brasileiros como uma forma de “humilhar” o diplomata e, consequentemente, o próprio Brasil.

Um dos titulares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), o deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) afirmou, nesta quinta-feira (21), que vai agir de forma ‘neutra e isenta’ nas investigações sobre os descontos indevidos em aposentadorias envolvendo o Instituto.

Conforme observado, a afirmação foi feita em entrevista concedida ao programa Arapuan Verdade, da Rádio Arapuan FM

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De acordo com Romero Rodrigues, o foco será voltado para o ressarcimento das pessoas que sofreram com os descontos indevidos, e que é preciso deixar a política de lado nos debates sobre o assunto.

“O partido me indicou para fazer parte da comissão de membro titular da CPMI que vai apurar fraudes no INSS e minha participação será neutra, isenta, equilibrada e técnica. De toda forma, a gente precisa ter um olhar muito mais para a parte técnica, despolitizar um pouco os debates e tentar buscar o que é essencial que é o ressarcimento das pessoas que foram prejudicadas e tiveram seus salários subtraídos”, afirmou Romero.

Segundo o deputado federal, “também vamos buscar cumprir com o papel fundamental, embora já tenham muitos processos no judiciário brasileiro que é de elucidar os fatos, obter a veracidade das pessoas que efetivamente prejudicaram o Instituto. Dessa maneira, vamos tentar agir de forma técnica e equilibrada”, concluiu.

A Comissão foi instalada pelo Congresso Nacional nesta quarta-feira (20), com prazo de 180 dias para deputados e senadores investigarem os descontos indevidos no INSS.

Além de Romero Rodrigues, outros 15 deputados e 16 senadores também são titulares da Comissão, que possui 16 suplentes.

A PF (Polícia Federal) identificou uma movimentação financeira de R$ 30 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação consta em um relatório da PF encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo o relatório, as movimentações foram identificadas por meio de comunicações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

“No período de 01/03/2023 a 07/02/2024, foram movimentados R$ 30.576.801,36 em créditos e R$ 30.595.430,71 em débitos”, detalha o relatório.

Os valores envolvem transações diversas, como PIX, câmbio, transferências TEC/DOC, tributos e pagamentos de contas.

A PF consta que mais de 60% das movimentações em créditos ocorreram por Pix, em mais de um milhão de operações, que somam mais de R$ 19 milhões.

O relatório aponta que houve o lançamento de aplicações de CDB/RDB em seis registros que somam mais de R$ 18 milhões. Segundo o documento, Bolsonaro recebeu a maior quantidade de recursos do PL (Partido Liberal), de uma empresa e pessoas físicas.

A oposição no Congresso derrotou a indicação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e elegeu nesta quarta-feira (20) o senador Carlos Viana (Podemos-MG) como presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura desvios do INSS.

Alcolumbre havia indicado o senador Omar Aziz (PSD-AM) para o cargo, com apoio do Palácio do Planalto. A escolha não foi bem-recebida pela oposição, que articulou horas antes o lançamento de uma candidatura alternativa.

Sem consenso, a eleição, que tradicionalmente ocorre de forma simbólica, precisou ser feita por cabines de votação. O resultado foi uma derrota para a base do Planalto e para Alcolumbre: Carlos Viana foi eleito por 17 votos a 14.

Eleito, Viana rejeitou a indicação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para a relatoria do colegiado e escolheu o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) para a função.

Gaspar é alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi relator da proposta que suspendeu parte da ação penal contra Alexandre Ramagem (PL-RJ) por tentativa de golpe de Estado.

O deputado atribuiu a ascensão ao cargo a uma articulação do presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, de lideranças da oposição, como o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).

O escolhido vai elaborar o relatório com as conclusões do colegiado, que pode contemplar pedidos de indiciamento.

O presidente da CPI mista afirmou que escolheu Gaspar com base em sua “grande experiência curricular”. “Conversamos bastante sobre o desafio desta CPMI. Tenho certeza que vai fazer um grande trabalho”, disse.

Criada em junho pelo Congresso, a CPI mista foi instalada nesta manhã. O colegiado vai apurar um esquema de desvios em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), o total desviado pode chegar a R$ 6,3 bilhões.

comissão tem duração prevista de até seis meses, com a possibilidade de prorrogação do prazo. Serão 32 parlamentares titulares (16 deputados e 16 senadores). O PT e o PL terão as maiores representações, com quatro congressistas cada.

O relator da CPI espera definir, ainda nesta quarta, como serão os primeiros dias de trabalho do colegiado. Segundo ele, o cronograma e o plano de trabalho da comissão serão definidos em uma agenda com Carlos Viana, marcada para esta quarta.

Alfredo Gaspar não descartou ampliar o escopo da investigação para fraudes em empréstimos consignados de aposentados e pensionistas.

O objetivo central da CPI mista será aprofundar as conclusões da PF e da CGU sobre os desvios em benefícios do INSS.

Investigações apontam que associações e entidades desviaram dinheiro de beneficiários da Previdência a partir de cobranças mensais não autorizadas — os chamados descontos associativos.

 

De acordo com a PF, as entidades não tinham capacidade operacional para atender e oferecer recursos aos beneficiários prejudicados pelos descontos. Cadastros forjados também foram utilizados para validar os descontos.

Defensora da CPI, a oposição avalia que a investigação ainda pode desgastar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), especialmente com a possibilidade de a CPI mirar o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) — ligado ao irmão do petista, Frei Chico.

Eleito presidente do colegiado, Carlos Viana disse que não tem “desejo de prejudicar a quem quer que seja”.

“Quem está aqui é um presidente eleito que quer esclarecer o que aconteceu, pedir a punição dos culpados e, principalmente, gerar novos projetos e políticas que não permitam a repetição de um momento tão vergonhoso para o Brasil como o desvio de dinheiro de aposentados e pensionistas”, declarou Viana.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, recentemente sancionado pelo governo dos Estados Unidos, disse à Reuters que tribunais brasileiros podem punir instituições financeiras nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta a ordens norte-americanas.

As declarações foram dadas em meio a um impasse que derrubaram as ações de bancos brasileiros, que ficaram em meio a sanções norte-americanas e ordens do STF.

Em entrevista na noite de terça-feira (19), em seu gabinete em Brasília, Moraes reconheceu que a atuação da Justiça dos EUA em relação aos bancos brasileiros que têm operações nos Estados Unidos “é da aplicação da lei norte-americana”.

“Agora, da mesma forma, se os bancos resolverem aplicar a lei internamente, eles não podem. E aí eles podem ser penalizados internamente”, acrescentou.

As declarações de Moraes apontam para as possíveis consequências da decisão de segunda-feira do ministro do STF, Flávio Dino, que alertou que leis estrangeiras não podem ser automaticamente aplicadas no Brasil.

Essa decisão foi seguida por uma dura repreensão do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA que, horas depois, alertou nas redes sociais que Moraes era “tóxico” e alertou que “pessoas que não são dos EUA devem ter cautela: aquelas que fornecerem apoio material a violadores de direitos humanos correm o risco de também serem sancionadas”.

O Departamento do Tesouro dos EUA sancionou Moraes no mês passado com base em uma lei criada para impor penalidades econômicas a estrangeiros considerados corruptos ou violadores de direitos humanos.

A ordem acusou-o de suprimir a liberdade de expressão e liderar processos politizados, incluindo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, um aliado fiel de Trump que será julgado em breve pelo Supremo por supostamente tramar um golpe para reverter sua derrota nas eleições de 2022. Bolsonaro nega ter cometido qualquer crime e diz ser alvo de perseguição política.

Na entrevista, Moraes afirmou que decisões de tribunais e governos estrangeiros só podem ter efeito no Brasil após validação por meio de um processo doméstico. Segundo ele, portanto, não é possível confiscar bens, congelar fundos ou bloquear propriedades de cidadãos brasileiros sem seguir esses trâmites legais.

O alcance global do sistema financeiro dos EUA faz com que bancos estrangeiros frequentemente restrinjam uma gama mais ampla de transações para evitar sanções secundárias.

Embora tenha afirmado que o uso da Lei Magnitsky tenha sido “totalmente equivocado” contra ele, Moraes disse estar confiante de que conseguirá reverter as sanções contra ele por meio de canais diplomáticos ou de uma eventual contestação nos tribunais dos EUA. Mas reconheceu que, por ora, elas colocaram instituições financeiras em uma situação difícil.

“Esse desvio de finalidade na aplicação da lei coloca até instituições financeiras em uma situação difícil. E não são só instituições financeiras brasileiras, mas são seus parceiros norte-americanos, são empresas norte-americanas que atuam no Brasil e também têm contas, investimentos, financiamentos de bancos brasileiros”, disse.

“Exatamente por isso que é importante, eu repito, o canal diplomático para que isso seja logo solucionado para não desvirtuar a aplicação de uma lei que é importante contra o terrorismo, contra organizações criminosas, contra o tráfico internacional de drogas, contra o tráfico internacional de seres humanos”, acrescentou.

O Departamento de Estado não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

Um porta-voz do Tesouro afirmou que Moraes “cometeu sérios abusos contra os direitos humanos”.

Sem escolha

O embate pode ter consequências sérias para instituições financeiras brasileiras, disseram dois banqueiros do país que pediram anonimato para falar com franqueza sobre o assunto.

A maioria dos grandes bancos é supervisionada de alguma forma pelo governo dos EUA devido à sua presença internacional ou exposição, seja por meio de uma filial estrangeira ou pela emissão de títulos no exterior, disse o ex-diretor de um banco internacional no Brasil.

A escolha para esses bancos, sob pressão dos EUA, pode ser convidar clientes sancionados a buscar outra instituição para manter seus ativos, acrescentou o banqueiro.

O diretor de um grande banco brasileiro afirmou que, na prática, a decisão judicial de segunda-feira significa que qualquer ação tomada por bancos brasileiros com base em regras envolvendo o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Tesouro dos EUA, que supervisiona sanções americanas, precisará de aprovação do Supremo.

Ao mesmo tempo, ele acrescentou, deixar de cumprir uma decisão do OFAC pode cortar o acesso de um banco ao sistema financeiro internacional.

“O Brasil realmente não tem escolha”, disse o banqueiro. “Dado o quão interconectado tudo é, e a disparidade de poder econômico entre os EUA e o Brasil, ficamos em uma posição de subordinação. Não há muito o que fazer.”

Ele ressaltou que o tribunal precisará encontrar uma solução “que não coloque o sistema financeiro em risco.”

As ações do Banco do Brasil, onde a maioria dos funcionários públicos, incluindo juízes, recebe seus salários, caíram 6% na terça-feira — a maior queda entre os três maiores bancos do país.

O banco afirmou em comunicado na terça-feira que está preparado para lidar com questões “complexas e sensíveis” envolvendo regulamentações globais.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estuda processar a presidente do Banco do Brasil, a paraibana Tarciana Medeiros, após ela ter declarado que poderá acionar na Justiça os advogados que orientam produtores rurais a entrar com pedido de recuperação judicial. A OAB enviou notificação extrajudicial para Tarciana, nesta segunda-feira (18), pedindo respostas sobre sua declaração dada na última sexta-feira (15) durante entrevista coletiva.

Tarciana relatou, na coletiva, que o setor jurídico do Banco do Brasil está avaliando os escritórios que orientam de forma evidente para a prática.

A OAB informou que vai utilizar todos os recursos disponíveis para defender as prerrogativas da advocacia, adotando as medidas judiciais cabíveis no caso. A Ordem aponta tentativa de criminalização da advocacia.

O Banco do Brasil se pronunciou dizendo que respeita o exercício da advocacia e que o combate é contra a prática inadequada de alguns advogados que, segundo o BB, é contrária aos preceitos éticos da própria OAB. Ainda segundo o banco, essa prática sobrecarrega o sistema judiciário brasileiro e prejudica a vida de produtores rurais.

O Banco do Brasil também relatou que já procurou a OAB para discutir o assunto.

Faltando menos de 100 dias para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, estudantes costumam intensificar a prática da redação e tentar prever qual será o tema da vez. Em 2024, por exemplo, os candidatos tiveram de escrever sobre “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.

Alguns tópicos têm maior probabilidade de serem cobrados, por estarem alinhados a debates sociais relevantes e ainda não terem sido usados em outras edições. Veja uma lista de possibilidades mais abaixo.

“Um olhar direcionado dá mais tranquilidade para o estudante e garante resultados mais efetivos”, diz Fernando Andrade, professor de redação do Estratégia Vestibulares.

Para a professora Magna Araújo, do Colégio 7 de Setembro – que integra a Inspira Rede de Educadores –, mais importante do que “acertar” o tema é usá-lo como ferramenta de treino.

“Claro que é válido trabalhar com essas hipóteses, mas o principal é utilizá-las para praticar a estrutura exigida pelo Enem, que tem um formato muito específico, e aprimorar a argumentação”, afirma.

“Quando o estudante entende como organizar a introdução, desenvolver os parágrafos com repertório bem aplicado e concluir com uma proposta de intervenção consistente, ele consegue se adaptar a qualquer assunto que aparecer no dia da prova”, afirma.

 

A seguir, veja nove temas sugeridos pelos professores para treinar a redação e aumentar as chances de um bom desempenho.

1. Desafios no acesso à moradia digna no contexto do direito constitucional à cidade

 

Em 2025, o déficit habitacional brasileiro foi estimado em 5,9 milhões de domicílios, segundo a Fundação João Pinheiro — 4,8% abaixo do Censo 2022. Apesar da redução, dados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostram que a população em situação de rua cresceu 25% entre 2023 e 2024, passando de 260 mil para 327 mil pessoas.

O cenário reforça a necessidade de políticas públicas integradas para ampliar o acesso à moradia digna e reduzir desigualdades urbanas.

2. Pressões estéticas e impactos na saúde mental de adolescentes

 

Um estudo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas aponta que 23,5% dos adolescentes brasileiros apresentam sinais de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. Entre meninas, o índice passa de 30%. Redes sociais e padrões de beleza irreais intensificam a pressão estética, com reflexos diretos na autoestima e na saúde mental.

3. Preservação de saberes e práticas tradicionais brasileiras

 

Segundo o IBGE, o Brasil tem 1,7 milhão de indígenas e 1,3 milhão de quilombolas. Apenas 12,6% da população quilombola vive em territórios oficialmente reconhecidos. O candidato pode abordar a preservação de tradições, o fortalecimento de identidades e o papel de políticas culturais na inclusão social. É preciso considerar, no entanto, que ficaria bem próximo ao tema de 2024, sobre a herança africana.

4. Desafios ambientais da gestão de resíduos no Brasil

 

O país produz 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, mas recicla apenas 4% desse total, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Cerca de 40% do lixo coletado ainda vai para lixões ou aterros controlados, prejudicando o meio ambiente e a saúde pública.

5. Reintegração de egressos do sistema prisional

 

O Brasil tem mais de 900 mil pessoas privadas de liberdade, segundo o Ministério da Justiça. A reincidência criminal é de 37,6%, e quase metade dos casos ocorre nos três primeiros meses após a saída. O tema abre espaço para discutir políticas de capacitação profissional, educação e reinserção social.

6. Falta de ética no uso da inteligência artificial

 

A IA já influencia decisões que afetam diretamente a vida das pessoas. O debate pode girar em torno de como evitar que esses sistemas perpetuem preconceitos, garantam transparência e considerem impactos sociais e morais ao gerar informações.

7. Acessibilidade nas escolas brasileiras

 

Acessibilidade vai além de rampas: inclui recursos como máquinas de datilografia braile, softwares específicos, calculadoras sonoras, material didático adaptado, contratação de professores no contraturno escolar e intérpretes de Libras. A proposta pode discutir como tornar os colégios física e digitalmente acessíveis para todos.

O governo federal planeja lançar uma plataforma para ajudar os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a se preparar para a prova. O anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Camilo Santana, nesta quarta-feira (13).

“Ela [a plataforma] vai permitir que o aluno, o jovem, possa se preparar para o Enem. Inclusive, fazer a redação e a própria plataforma corrigir. Vai ser um estímulo”, disse Camilo em entrevista ao Bom Dia, Ministro, uma coprodução da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR) e da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

 

O chefe da pasta não detalhou quais funcionalidades a plataforma deve ter ou qual é a previsão de lançamento, mas garantiu que a ideia está trabalhando na criação da plataforma, que deve se chamar MEC Enem.

Camilo Santana falou ainda de uma segunda ferramenta que também deve ser disponibilizada para os estudantes, o MEC Livros, que visa estimular a leitura.

O MEC Livros é uma plataforma de acesso à leitura de livros digitais. Vai permitir estimular a leitura. Você está em uma parada de ônibus, bota lá o QR Code e vai ter acesso a uma biblioteca digital.

Sobre o Enem 2025

 

Em 2025, as provas serão aplicadas em 9 e 16 de novembro em boa parte do país. Cidades da região metropolitana de Belém terão datas alternativas por causa da COP30.

9 de novembro

O candidato deverá fazer:

  • 45 questões de linguagens (40 de língua portuguesa e 5 de inglês ou espanhol);
  • 45 questões de ciências humanas; e
  • redação.

 

16 de novembro

A prova trará:

  • 45 questões de matemática; e
  • 45 questões de ciências da natureza.

 

Veja os horários de aplicação (no fuso de Brasília):

  • Abertura dos portões: 12h
  • Fechamento dos portões: 13h
  • Início das provas: 13h30
  • Término das provas no 1º dia: 19h
  • Término das provas no 2º dia: 18h30

A Academia Brasileira de Letras elegeu nesta quinta-feira (14) Milton Hatoum para a Cadeira nº 6 do Quadro dos Membros Efetivos, vaga aberta com a morte do acadêmico e jornalista Cícero Sandroni. Foi a primeira candidatura de Hatoum para uma vaga de “imortal” da ABL. (

Milton nasceu em 19 de agosto de 1952, em Manaus (AM). É escritor, professor e tradutor e publicou oito livros, como ‘Dois irmãos’ (que se tornou minissérie pela Globo em 2017 e lhe rendeu um Prêmio Jabuti), ‘Relato de um certo oriente’ e ‘Cinzas Do Norte’ .

Além de Hatoum, estavam inscritos Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Antônio Campos, Paulo Renato Ceratti e Angelos D’Arachosia. A votação terminou com 33 votos para Hatoum e um voto para Antônio Campos.

Repercussão

 

O presidente da ABL, Merval Pereira, disse que ele é o maior escritor brasileiro vivo e é um romancista de primeira ordem. vai ser muito útil para a gente, já colabora muito com a Revista Brasileira, agora vai ter a oportunidade de colaborar mais ainda.

O Acadêmico Ruy Castro comemorou a eleição de Hatoum: “Grande contribuição, grande romancista, representante de uma geração de ficcionistas. A Academia sempre teve gente de diversas origens, de todos os lugares, como João do Rio, Pedro Lessa. É uma geração mais jovem que está chegando e tem uma grande contribuição a dar.”

Miriam Leitão, que pela primeira vez participou de uma eleição na ABL, disse que Hatoum é um grande romancista, de primeira grandeza e categoria da literatura brasileira. “Chega trazendo todos os ecos do Brasil. Um Brasil que vem da Amazônia. A literatura dele é riquíssima, belíssima”.

Trajetória

 

Milton Hatoum nasceu em Manaus, em 1952. Em 1968, mudou-se para Brasília, onde estudou no CIEM (Colégio de Aplicação da UnB). Morou toda a década de 1970 em São Paulo e diplomou-se em arquitetura na FAU(USP), onde desenvolveu uma pesquisa sob a orientação do geógrafo Prof. Dr. Milton Santos. Em 1978-79 foi professor de história da arquitetura na Universidade de Taubaté.

 Em 1980 morou em Madri, como bolsista do Instituto Ibero Americano de Cooperación. Entre 1981 e 1983 morou em Paris, onde cursou mestrado em literatura latino-americana. De 1984 a 1998 foi professor de língua e literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas.

 Em 1999 mudou-se para São Paulo, onde foi colunista do Caderno 2 (O Estado de S. Paulo) entre 2008 e 2016. Foi colunista do jornal O Globo, do site Terra Magazine e da revista Entre livros.

 Foi professor visitante da Universidade da California (Berkeley) e da Sorbonne, bolsista da Fundação Vitae (1988), da Maison de sÉcrivainsÉtrangers (Saint-Nazaire/França) e escritor residente das Universidades Yale e Standford e do International Writing Program (Iowa/EUA). Participou de seminários e fez conferências em várias instituições e universidades europeias (Sorbonne, Rennes, Poitiers), norte-americanas (Biblioteca do Congresso, Berkeley, Princeton, Yale) e libanesas (Saint-Joseph, American University).

 Em 2000, publicou o romance “Dois irmãos” (indicado para o Impac-Dublin Literary Award, 2004), eleito o melhor romance brasileiro no período 1990-2005 em pesquisa feita pelos jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas. O título foi publicado em Argentina, Alemanha, China, Espanha, Estados Unidos, Itália, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Líbano, Portugal, República Tcheca e Sérvia. “Dois irmãos” foi adaptado para o audiovisual (minissérie da TV Globo, direção de Luiz Fernando Carvalho, roteiro de Maria Camargo).

 Em 2005, o romance “Cinzas do Norte” obteve o Prêmio Portugal Telecom, Grande Prêmio da Crítica/apca-2005, Prêmio Jabuti/2006 de Melhor Romance, Prêmio Livro do Ano da CBL e Prêmio Bravo! de Literatura. Em 2008, recebeu do Ministério da Cultura do Brasil a medalha da Ordem do Mérito Cultural. Em 2010, a tradução inglesa de “Cinzas do Norte” (“Ashes of the Amazon”, Bloomsbury, 2008) foi indicada para o Prêmio Impac-Dublin.

 Em 2008, publicou seu quarto romance, Órfãos do Eldorado (Prêmio Jabuti –2º lugar na categoria Romance). Foi adaptado para o cinema (direção e roteiro de Guilherme Coelho). Em 2009, lançou o livro de contos A cidade ilhada, que inspirou o filme O rio do desejo, dirigido por Sergio Machado.

 Em 2013, publicou Um solitário à espreita, uma seleção de crônicas publicadas em jornais e revistas.

Em 2017 Hatoum foi nomeado Officier de l’Ordredes Arts et des Lettres pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da República Francesa.

Recebeu o Prêmio Juca Pato/Intelectual do ano (União Brasileira dos Escritores/UBE/2018) pelo romance A noite da espera – primeiro volume da trilogia O lugar mais sombrio. Ainda em 2018 recebeu em Paris o Prix Roger Caillois 2018 pour la Littérature Latino-Américaine (Maison de l’Amérique Latine/PenClub France).

 Em 2019, lançou “Pontos de fuga”, segundo volume da trilogia “O lugar mais sombrio”.

Em parceria com o filósofo e crítico literário Benedito Nunes, publicou “Crônica de duas cidades: Belém e Manaus (2006/Secult-PA)”, a ser relançado pela Companhia das Letras, editora das obras do autor.

 Os livros de Hatoum já ultrapassam 500 mil exemplares vendidos foram publicados em 17 países, e contam com uma extensa fortuna crítica no Brasil e no exterior. Traduziu para o português “A cruzada das crianças(Marcel Schwob)”, “Representações do Intelectual (Edward Said)” e, em parceria com Samuel Titan, “Três contos (Gustave Flaubert)”.

Hatoum tem publicado também ensaios e artigos sobre literatura brasileira e latino-americana em revistas e jornais do Brasil, da Espanha, França e Itália. Alguns de seus contos e ensaios saíram nas revistas Europe, Nouvelle Revue Française (França), Grand Street (Nova York), Quimer a(México) e serrote. Participou de várias antologias de contos brasileiros organizadas na Alemanha e no México, e da Oxford Anthology of the Brazilian Short Story.

No mês de outubro deste ano, a Companhia das Letras publicará “Dança de enganos”, último volume da trilogia “O lugar mais sombrio”. Segue também sua atividade de escritor convidado para ministrar cursos e conferências em universidades e institutos do Brasil e do exterior.