Oficiais maquinistas em navegação, diretores e gerentes gerais e médicos especialistas aparecem no topo de um ranking de média salarial no Brasil, enquanto vagas com menor exigência de qualificação ou bastante associadas à informalidade concentram as remunerações mais baixas.
É o que indica um levantamento do economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA 4intelligence, que reuniu informações disponíveis de 428 ocupações no quarto trimestre de 2024. A relação completa pode ser consultada abaixo.
O levantamento usa microdados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), um dos principais estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No quarto trimestre de 2024, a renda média dos trabalhadores classificados como oficiais maquinistas em navegação foi estimada em R$ 24.686 por mês. É o maior rendimento da lista.
Os oficiais maquinistas em navegação controlam e participam dos processos de operação, manutenção e reparação de equipamentos mecânicos, elétricos, eletrônicos e máquinas a bordo de navios. Também podem executar funções de apoio em terra.
Entre os oficiais maquinistas em navegação, que lideram o ranking, a amostra do quarto trimestre era composta por 1.393 trabalhadores, segundo o economista.
Na outra ponta da lista, o menor rendimento encontrado à época foi o dos profissionais classificados como acompanhantes e criados particulares: R$ 405.
Conforme Imaizumi, o dado pode refletir o impacto de atividades exercidas de modo informal e de alguma forma relacionadas com a economia do cuidado.
“Pode ter, por exemplo, aquela pessoa que cuida de alguém, de um parente, e acaba entrando nessa condição, e não um cuidador de uma clínica de idosos ou de um asilo.”
Carregadores de água e coletores de lenha (R$ 579) e trabalhadores elementares da caça, pesca e aquicultura (R$ 832) também chamam a atenção pelos rendimentos mais baixos.
Pescadores (R$ 849) e trabalhadores ambulantes dos serviços e afins (R$ 916) completam a relação das cinco ocupações de menor renda média.
Pessoas que realizam várias tarefas (R$ 954) e costureiros, bordadeiros e afins (R$ 992) são as outras duas categorias com remuneração abaixo de R$ 1.000 por mês.
“Há profissões muito concentradas na informalidade e com rendimento inferior ao salário mínimo“, afirma Imaizumi. O piso dos profissionais com carteira assinada no Brasil era de R$ 1.412 em 2024 e subiu a R$ 1.518 em 2025.
Os microdados levantados por Imaizumi consideram o rendimento médio efetivo. Na média de todos os trabalhos, o valor foi estimado em R$ 3.428 no país no quarto trimestre do ano passado.
O levantamento segue a classificação de ocupações para as pesquisas domiciliares, a COD, usada na Pnad Contínua. Essa metodologia permite comparações com estudos semelhantes de outros países, diz o economista.