O recente aumento da tensão entre Irã e Israel reacende o temor de que os Estados Unidos possam ser diretamente envolvidos no conflito, provocando retaliações severas por parte de Teerã.
A escalada levou ao envio do porta-aviões USS Nimitz para o Oriente Médio, antecipando a presença militar americana na região.
A infraestrutura militar americana na região conta com pelo menos 19 locais operacionais, incluindo oito bases permanentes distribuídas entre Bahrein, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Nelas, estão entre 40 mil e 50 mil soldados. Apesar de ataques pontuais e limitados de drones iranianos contra bases no Iraque, que são vistos mais como advertências, ainda não houve ofensivas significativas contra forças americanas.
Especialistas consultados pela revista americana Newsweek indicam que, caso os EUA entrem oficialmente no confronto, o Irã deverá ativar seu “Eixo da Resistência” — uma rede de milícias regionais aliadas — e suas células adormecidas de inteligência para desencadear ataques e operações de retaliação globais, inclusive com possibilidade de tomada de reféns americanos.
Os analistas projetam também uma série de retaliações, incluindo ataques diretos a bases militares norte-americanas na região, além de tentativas de interromper a produção e o transporte de petróleo, com destaque para o estratégico Estreito de Ormuz. Esse canal é vital para o trânsito de aproximadamente 20% do petróleo mundial e conecta o Golfo Pérsico ao Oceano Índico, além de ser um ponto crítico para o comércio internacional via Canal de Suez.
A preocupação é ampliada pelo aumento de interferências eletrônicas registradas pelo Reino Unido na área do Estreito de Ormuz, afetando sistemas automáticos de localização de navios. Especialistas marítimos internacionais ressaltam que as forças iranianas são altamente capacitadas para a guerra assimétrica e preparam-se há décadas para ataques rápidos contra o tráfego comercial nessa rota.
Além disso, o estreito de Bab el-Mandeb, localizado entre Djibuti e o Iêmen, é outro ponto sensível onde aliados do Irã, como os Houthis, podem intensificar ataques com mísseis contra embarcações, impactando cadeias de suprimentos globais. O potencial de ampliar o conflito para essas rotas marítimas eleva a complexidade e o risco para o comércio internacional.
Israel, por sua vez, mantém plena superioridade aérea sobre o território iraniano e afirma ter destruído mais de 120 lançadores de mísseis, correspondendo a cerca de um terço do arsenal de superfície do Irã. Essa capacidade tem limitado a intensidade da resposta iraniana, que, contudo, opta por conservar parte do seu poder bélico para uma eventual guerra ampliada, especialmente caso os Estados Unidos avancem diretamente.
Do lado político, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, até o momento evita mencionar diretamente os Estados Unidos, buscando manter a possibilidade de negociações diplomáticas que, segundo analistas, podem ser meramente uma manobra para desviar a atenção de Washington.
Porém, se a situação se agravar, Teerã deverá responder com uma série de ataques multifacetados, incluindo lançamentos de mísseis e drones contra alvos americanos na região. As milícias do “Eixo da Resistência”, bem como células do serviço secreto iraniano e da Guarda Revolucionária, poderiam realizar ações terroristas e capturar cidadãos americanos como forma de pressão.
Além disso, o conflito tem potencial para romper o cessar-fogo entre os Estados Unidos e os Houthis firmado em maio de 2025, permitindo que o Irã utilize a rede houthi para atacar navios no Mar Vermelho e no estreito de Bab el-Mandeb, aumentando ainda mais a instabilidade regional.
Especialistas alertam que ataques contra bases, forças e embaixadas norte-americanas no Oriente Médio podem ser interpretados pelo governo Trump como um confronto indireto, obrigando uma resposta mais dura e possivelmente ampliando a guerra.
Com a região à beira de uma crise ainda maior, a comunidade internacional observa com atenção os movimentos militares e diplomáticos, enquanto os riscos de uma guerra aberta aumentam a cada dia, ameaçando não apenas o Oriente Médio, mas a estabilidade global.