O traficante paraibano Damião Barbosa, de 50 anos, foi preso nessa terça-feira (28) durante uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) realizada no Rio de Janeiro. A ação, considerada a mais letal da história do estado, deixou 64 mortos e 81 presos nos complexos do Alemão e da Penha. A informação foi confirmada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
Ligação com o Comando Vermelho na Paraíba
De acordo com o delegado Diego Beltrão, Damião Barbosa integrava a alta cúpula do Comando Vermelho na Paraíba e era ligado diretamente ao líder da facção no estado. Ele estava foragido no Rio de Janeiro, e a inteligência policial paraibana já monitorava sua movimentação em comunidades cariocas.
O criminoso exercia influência principalmente na cidade de Araçagi, no Brejo da Paraíba. Contra ele, havia dois mandados de prisão em aberto. Um expedido em Sapé, por tráfico e associação para o tráfico, com pena de 5 anos e seis meses de prisão, e outro em João Pessoa, por tráfico, associação e roubo qualificado, com condenação de 30 anos de reclusão em regime fechado.
Ainda não há definição sobre a transferência do preso para um presídio na Paraíba.
Megaoperação no Rio é a mais letal da história do estado
A ação no Rio reuniu 2,5 mil agentes das forças de segurança, que saíram para cumprir quase 100 mandados de prisão. Durante o avanço das equipes, traficantes reagiram com tiros, incendiaram barricadas e lançaram bombas com drones em retaliação.
Vídeos registraram o intenso confronto, com quase 200 disparos em apenas um minuto. Muitos criminosos fugiram em fila indiana pela parte alta da comunidade, em cenas que lembraram a ocupação do Alemão em 2010.
Segundo a polícia, entre os mortos estão 60 suspeitos, incluindo criminosos de outros estados. Quatro policiais também morreram, dois civis e dois militares. Além disso, três civis foram feridos, entre eles um homem em situação de rua e uma mulher atingida em uma academia.
Entre os presos estão Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, e Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro do alto chefe do CV, Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso.
Durante a operação, foram apreendidos 93 fuzis, 2 pistolas e 9 motocicletas.
Críticas e repercussões
O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, afirmou que a operação foi planejada com antecedência e não contou com apoio do governo federal, o que foi negado posteriormente por Brasília.
“Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada e que vai continuar”, disse o secretário.
Apesar da justificativa, a Defensoria Pública da União, a Anistia Internacional e outras entidades criticaram a letalidade policial e cobram apuração independente das mortes.



