Fernando Cunha Lima é condenado a mais de 20 anos de prisão, em João Pessoa

A Justiça da Paraíba condenou o médico pediatra Fernando Paredes Cunha Lima a 22 anos, cinco meses e dois dias de reclusão pela prática do crime de estupro de vulnerável contra duas vítimas. A sentença foi proferida pela 4ª Vara Criminal de João Pessoa e ainda cabe recurso.

Na fixação do valor, a Justiça considerou a extrema gravidade dos fatos, a condição de vulnerabilidade das vítimas, a intensidade do dolo do réu e sua capacidade financeira. Os valores deverão ser corrigidos monetariamente com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a partir da sentença e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês desde a data do crime. A execução da indenização poderá ser promovida no juízo cível, após o trânsito em julgado da decisão.

Em relação a outras duas vítimas mencionadas no processo, Fernando Paredes foi absolvido por falta de provas suficientes, conforme apontado na sentença. O Ministério Público da Paraíba (MPPB), responsável pela acusação, está analisando se irá recorrer dessas absolvições.

A seguir, veja a cronologia completa do caso

Agosto de 2024

As acusações contra o pediatra vieram à tona no dia 6 de agosto, após a denúncia de um flagrante de abuso sexual durante uma consulta, feita pela mãe de uma criança de nove anos. A Polícia Civil havia instaurado um inquérito desde o dia 25 de julho.

O caso ganhou mais repercussão após uma sobrinha de Fernando afirmar que sofreu abuso do tio enquanto estavam na casa de praia dele, em 1991.

No dia 9 de agosto, Fernando prestou seu primeiro depoimento sobre o caso, na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Infância e Juventude de João Pessoa. Em seguida, a Polícia Civil indiciou Fernando pelo crime de estupro de vulnerável e encaminhou o caso para a Justiça.

Com a repercussão, o Conselho Regional de Medicina (CRM-PB) afastou o médico por 180 dias.

No dia 22 de agosto, o Ministério Público protocolou a denúncia contra o pediatra e pediu a condenação do médico pelo crime de estupro de vulnerável.

Setembro de 2024

Um novo inquérito foi aberto após a denúncia por parte da família de um menino de 3 anos de idade – até então, o número de denúncias contra o médico chegava a 10.

Fernando prestou um novo depoimento e se manifestou pela primeira vez à imprensa, negando as acusações e dizendo que as famílias das vítimas estão denunciando para tentar ganhar dinheiro às suas custas.

Novembro de 2024

Após negar cinco pedidos, a Justiça da Paraíba decretou a prisão preventiva de Fernando Cunha Lima, acatando um pedido do Ministério Público.

Dezembro de 2024

Ministério Público da Paraíba fez uma nova denúncia contra Fernando, pedindo novamente pela prisão preventiva do médico, além da condenação e da reparação de danos materiais e morais no valor de 400 salários mínimos.

Março de 2025

Sete meses após as primeiras denúncias virem à tona, Fernando foi preso no dia 7 de março, após ser localizado em um flat na praia do Janga, em Paulista (PE). Ele foi levado para o Centro de Observação Criminológica e Triagem (COTEL), em Abreu e Lima (PE).

Os policiais conseguiram rastrear o paradeiro do pediatra através de fotos que circulavam nas redes sociais, onde Fernando aparece com a pulseira de um resort tomando banho de piscina.

No dia 21, a Justiça negou um pedido de prisão domiciliar e determinou a transferência imediata de Fernando para uma unidade prisional em João Pessoa.