O presidente da Argentina, Javier Milei, fez sua primeira aparição pública nesta segunda-feira (25), após as denúncias de corrupção envolvendo sua irmã Karina.
Em uma clara demonstração de apoio, Milei levou a irmã, que é seu braço direito no governo, atuando como secretária-geral da Presidência, para a inauguração do novo edifício da empresa Corporação América e permaneceu sorridente ao seu lado antes de subir ao palco para se pronunciar.
No discurso, o presidente argentino não falou diretamente das acusações contra Karina, mas fez críticas à imprensa e, principalmente, ao Congresso.
Ele disse que não se importa com o quanto tentam lhe prejudicar. Chamou jornalistas de “mentirosos e rasteiros” e afirmou que parlamentares que estão indo contra suas decisões de governo estão prejudicando o país:
“Aqueles que querem derrubar o programa econômico e o país, promovendo projetos que rompem o equilíbrio fiscal e aprovando absurdos sem financiamento. O que importa para eles é o poder, não os argentinos de bem. Eles são os argentinos do mal”.
O escândalo acontece em um momento delicado para Milei, que enfrentou uma série de reveses legislativos no Congresso — incluindo a tentativa dos legisladores de anular um veto presidencial que se opunha a um aumento no apoio financeiro para pessoas com deficiência.
O governo também está se preparando para as eleições de meio de mandato em outubro, que são encaradas como um referendo sobre a agenda de austeridade e as reformas de mercado de Milei.
“Se eu virei o déficit fiscal de 123 anos, acham mesmo que vou me preocupar com o que vão fazer comigo durante dois meses?”, disse o presidente nesta segunda.
As investigações
A Justiça argentina realizou pelo menos 16 buscas na última sexta-feira (22) como parte da investigação sobre o suposto esquema de propina que envolve funcionários de alto escalão do governo de Javier Milei — incluindo a própria irmã do presidente, Karina Milei.
O escândalo teve início após a divulgação de áudios que supostamente teriam sido gravados pelo ex-dirigente da Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS), Diego Spagnuolo, demitido pelo governo na quinta-feira passada (21).
Eles fazem menções a subornos e mencionam Karina Milei e Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de gestão institucional do governo, como beneficiários das supostas propinas.
“Estão roubando, você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os WhatsApps de Karina”, diz um dos áudios que circulou na imprensa local e que foi atribuído a Spagnuolo.
Em outro áudio, ele afirma: “estão fraudando a minha agência“, e faz outra alusão à Karina Milei — que supostamente teria recebido pagamentos de propina —, além de dizer que teria conversado com o presidente Javier Milei. “Eles não consertaram nada”, diz o áudio.
A veracidade dos áudios, no entanto, ainda não foi comprovada pela Justiça, que não ordenou nenhuma prisão nem foram divulgadas acusações no âmbito do sigilo judicial até o momento.
Na operação de busca e apreensão de sexta, as autoridades apreenderam carros, celulares, uma máquina de contagem de dinheiro e US$ 266 mil – R$ 1,5 milhão, na cotação atual – em espécie.
Diego Spagnuolo; o ex-diretor de Acesso a Serviços de Saúde da ANDIS, Daniel María Garbellini; os empresários Emmanuel Kovalivker, diretor da farmácia Suizo Argentina, seu irmão, Jonathan; e seu pai Eduardo Kovalivker, foram proibidos de deixar o país.