PEC da Blindagem: Deputados prometem ‘troco’ a senadores por rejeição e cobram defesa de Motta

Após o Senado Federal derrubar a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, deputados federais se sentem “atacados” pelos senadores e prometem dar o troco à outra Casa.

Além disso, líderes partidários se dizem incomodados com a postura do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que publicamente disse que não houve traição do Senado e que as Casas não precisam concordar.

O que esses deputados dizem é que, nos bastidores, Motta afirma que havia, sim, um compromisso do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de avançar com a aprovação da matéria.

“Ele [Motta] tem que escolher pra quem ele vai mentir. Ele fala pra gente uma coisa e pra imprensa outra”, disse um líder.

Nos últimos dias, o presidente da Câmara dos Deputados foi cobrado por deputados e, agora, muitos deles defendem que Motta “bote a cara para fora” e “proteja os deputados” na imprensa.

Aliados mais próximos de Motta dizem confiar que, de fato, houve um acordo com Alcolumbre, mas dizem que não é o perfil do presidente da Câmara fazer embates públicos.

Atuação de Alcolumbre

 

Alguns deputados também defenderam o presidente do Senado e acreditam que Alcolumbre não conseguiu segurar o acordo diante da pressão de nomes como o do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA).

Alencar já criticava a PEC da Blindagem que mesmo antes da aprovação na Câmara. A rejeição total entre os senadores se tornou incontrolável após as manifestações contra a proposta.

A PEC dificultava a prisão e a abertura de ação penal contra parlamentares por qualquer tipo de crime, exigindo autorização por maioria absoluta do plenário da Câmara ou do Senado por meio de voto secreto.

 A avaliação de deputados é que a Câmara se sentiu exposta, já que o Senado não apenas divergiu, mas “escolheu humilhar os deputados”. Como muitos senadores chamaram a proposta de “PEC da Bandidagem”, os deputados sentem que, indiretamente, foram chamados de bandidos.

Um líder partidário com muitos mandatos diz que nunca viu um embate tão direto entre as duas Casas, nem mesmo quando Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – que não eram amigos – presidiam, respectivamente, Câmara e Senado.