Redação do Enem 2025: a menos de 100 dias da prova, professores dão 9 palpites para o tema

Faltando menos de 100 dias para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, estudantes costumam intensificar a prática da redação e tentar prever qual será o tema da vez. Em 2024, por exemplo, os candidatos tiveram de escrever sobre “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.

Alguns tópicos têm maior probabilidade de serem cobrados, por estarem alinhados a debates sociais relevantes e ainda não terem sido usados em outras edições. Veja uma lista de possibilidades mais abaixo.

“Um olhar direcionado dá mais tranquilidade para o estudante e garante resultados mais efetivos”, diz Fernando Andrade, professor de redação do Estratégia Vestibulares.

Para a professora Magna Araújo, do Colégio 7 de Setembro – que integra a Inspira Rede de Educadores –, mais importante do que “acertar” o tema é usá-lo como ferramenta de treino.

“Claro que é válido trabalhar com essas hipóteses, mas o principal é utilizá-las para praticar a estrutura exigida pelo Enem, que tem um formato muito específico, e aprimorar a argumentação”, afirma.

“Quando o estudante entende como organizar a introdução, desenvolver os parágrafos com repertório bem aplicado e concluir com uma proposta de intervenção consistente, ele consegue se adaptar a qualquer assunto que aparecer no dia da prova”, afirma.

 

A seguir, veja nove temas sugeridos pelos professores para treinar a redação e aumentar as chances de um bom desempenho.

1. Desafios no acesso à moradia digna no contexto do direito constitucional à cidade

 

Em 2025, o déficit habitacional brasileiro foi estimado em 5,9 milhões de domicílios, segundo a Fundação João Pinheiro — 4,8% abaixo do Censo 2022. Apesar da redução, dados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostram que a população em situação de rua cresceu 25% entre 2023 e 2024, passando de 260 mil para 327 mil pessoas.

O cenário reforça a necessidade de políticas públicas integradas para ampliar o acesso à moradia digna e reduzir desigualdades urbanas.

2. Pressões estéticas e impactos na saúde mental de adolescentes

 

Um estudo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas aponta que 23,5% dos adolescentes brasileiros apresentam sinais de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. Entre meninas, o índice passa de 30%. Redes sociais e padrões de beleza irreais intensificam a pressão estética, com reflexos diretos na autoestima e na saúde mental.

3. Preservação de saberes e práticas tradicionais brasileiras

 

Segundo o IBGE, o Brasil tem 1,7 milhão de indígenas e 1,3 milhão de quilombolas. Apenas 12,6% da população quilombola vive em territórios oficialmente reconhecidos. O candidato pode abordar a preservação de tradições, o fortalecimento de identidades e o papel de políticas culturais na inclusão social. É preciso considerar, no entanto, que ficaria bem próximo ao tema de 2024, sobre a herança africana.

4. Desafios ambientais da gestão de resíduos no Brasil

 

O país produz 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, mas recicla apenas 4% desse total, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Cerca de 40% do lixo coletado ainda vai para lixões ou aterros controlados, prejudicando o meio ambiente e a saúde pública.

5. Reintegração de egressos do sistema prisional

 

O Brasil tem mais de 900 mil pessoas privadas de liberdade, segundo o Ministério da Justiça. A reincidência criminal é de 37,6%, e quase metade dos casos ocorre nos três primeiros meses após a saída. O tema abre espaço para discutir políticas de capacitação profissional, educação e reinserção social.

6. Falta de ética no uso da inteligência artificial

 

A IA já influencia decisões que afetam diretamente a vida das pessoas. O debate pode girar em torno de como evitar que esses sistemas perpetuem preconceitos, garantam transparência e considerem impactos sociais e morais ao gerar informações.

7. Acessibilidade nas escolas brasileiras

 

Acessibilidade vai além de rampas: inclui recursos como máquinas de datilografia braile, softwares específicos, calculadoras sonoras, material didático adaptado, contratação de professores no contraturno escolar e intérpretes de Libras. A proposta pode discutir como tornar os colégios física e digitalmente acessíveis para todos.